Meu Bebê Não Come Nada no BLW: E Agora?

Publicado em 24/06/2025 por julio

A introdução alimentar BLW (Baby-Led Weaning) tem conquistado muitos pais por incentivar a autonomia e o respeito ao ritmo do bebê. Mas quando chega o momento da prática e o bebê simplesmente não come nada, o que parecia promissor se transforma em ansiedade. Essa situação é mais comum do que se imagina — e não significa que algo está errado.

Ao ver o bebê rejeitar os alimentos, brincar com a comida ou jogar tudo no chão, é normal que surjam preocupações: será que ele está se alimentando bem? Vai passar fome? Está pronto mesmo para essa fase? A angústia cresce quando outros pais compartilham experiências positivas e seu bebê parece estar “atrasado”.

Antes de mudar tudo ou desistir do método, é fundamental compreender os processos naturais do BLW, os marcos de desenvolvimento e o papel do leite nessa fase. Neste artigo, vamos explorar as possíveis causas da recusa alimentar, quando é hora de se preocupar e como respeitar o tempo do bebê sem abrir mão da nutrição.


Por Que Meu Bebê Não Está Comendo?

Nos primeiros dias ou até semanas de introdução alimentar BLW, é completamente esperado que o bebê não coma quase nada. O foco inicial do BLW é o contato com a comida, o desenvolvimento da coordenação e o prazer em explorar texturas e sabores. Comer, de fato, vem depois.

Vários fatores podem influenciar essa recusa temporária: dentes nascendo, sono mal dormido, saltos de desenvolvimento e até cansaço no horário da refeição. A comparação com bebês que aceitam colher ou papinhas pode aumentar a frustração, mas lembre-se: o processo é individual e não há “certo ou errado”.

Além disso, o leite materno ou fórmula continua sendo a principal fonte de nutrição até 1 ano. Ou seja, o bebê não está em risco nutricional por não comer sólidos nos primeiros dias — desde que o aleitamento esteja adequado.


Sinais de Alerta: Quando se Preocupar?

Embora a recusa alimentar no BLW seja comum, existem sinais que merecem atenção. Se o bebê nunca mostra interesse pelos alimentos, mesmo após semanas de tentativas, ou se demonstra aversão extrema ao contato com a comida, é válido investigar com o pediatra.

Outros sinais de alerta incluem: perda de peso, ganho insuficiente, mudanças bruscas no comportamento, constipação persistente ou ausência total de evacuação. Esses sintomas podem indicar que algo além da adaptação ao método está acontecendo.

Além disso, vale considerar se o bebê realmente já apresenta sinais de prontidão: senta com estabilidade, leva objetos à boca, mostra coordenação e vontade de explorar. Forçar o processo antes da hora pode gerar frustração e desinteresse.


Como Respeitar o Ritmo Sem Prejudicar a Nutrição

O segredo está em equilibrar paciência com estratégia. Continuar oferecendo alimentos adequados — em forma, textura e segurança — é essencial. Repetição, variedade e um ambiente tranquilo ajudam o bebê a ganhar confiança e curiosidade.

Evite distrair com brinquedos ou telas durante as refeições. A presença dos pais comendo junto, demonstrando prazer e tranquilidade, é mais eficaz do que qualquer estímulo externo. Também é importante manter os horários, sem insistência, mas com consistência.

Se houver insegurança com o método exclusivo, uma abordagem combinada (BLW + colher) como o BLISS pode ajudar. O mais importante é respeitar o tempo do bebê e contar com acompanhamento pediátrico, especialmente para casos de introdução alimentar prematuro ou com histórico de restrições alimentares.


Conclusão

Ver o bebê não comer nada nos primeiros dias do BLW é angustiante, mas não deve ser interpretado como fracasso. Cada bebê tem seu tempo, e a construção de uma relação saudável com os alimentos é um processo que exige paciência, persistência e empatia.

Respeitar o ritmo do bebê, observar com atenção e confiar no método são atitudes que, somadas ao suporte profissional quando necessário, ajudam a transformar a preocupação em segurança. O mais importante é manter o vínculo, o exemplo e o acolhimento em cada refeição.